
Os elefantes podem ser animais perigosos. São excitáveis, complexos e, por vezes, violentamente defensivos. (...) A própria Anne emerge do mato, balouçando elegantemente. Encaminha-se na direcção de Iain. Separa-os uma distância de 15 metros. Durante alguns segundos, a jovem fêmea obsequia-o com um plano frontal da sua ampla cabeça, mostrando as orelhas a abanar e as belas presas, como se posasse para um fotógrafo de moda. Dá-lhe uma imagem de perfil: ele ergue a máquina fotográfica e dispara várias vezes. Então, ela vira-se e vai-se embora, a passo travado. Através da objectiva, durante aqueles escassos segundos, ele pôde verificar que a coleira está solta e pendurada, tal como devia estar. (...) Enquanto nos retiramos, regressando ao veículo em círculos, recapitulo o que vi: andar com um pouco de cautela, mostrar algum respeito, obter a informação necessária e fugir. E todos ficam satisfeitos.
Volvidas quatro décadas, Iain conhece tão bem esta espécie como qualquer africano. Ele tem um sentido apurado, adquirido à custa de muito trabalho de campo e aperfeiçoado pela sua afeição, da individualidade dos animais – a volatilidade das suas oscilações de humor, os sinais subtis que transmitem, a sua gama de personalidades e impulsos. Nada nesta interacção com Anne me preparou para o momento, ocorrido algumas semanas mais tarde, em que haveria de vê-lo atacado, apanhado e derrubado pelas presas de um elefante."
Uma reportagem de luxo, aqui, que reacende a minha vontade de ser mais uma seguidora de manadas.
No comments:
Post a Comment