Edição de Setembro de 2008: "O biólogo Iain Douglas-Hamilton aproxima-se cuidadosamente de um elefante, uma fêmea jovem de grande dimensão, à qual chamou Anne. Ela ali está, parcialmente escondida por um grupo de árvores no alto de uma colina situada na região setentrional do Quénia, observando tranquilamente vários membros da sua família. Texto de David Quammen; Fotografias de Michael Nichols
Os elefantes podem ser animais perigosos. São excitáveis, complexos e, por vezes, violentamente defensivos. (...) A própria Anne emerge do mato, balouçando elegantemente. Encaminha-se na direcção de Iain. Separa-os uma distância de 15 metros. Durante alguns segundos, a jovem fêmea obsequia-o com um plano frontal da sua ampla cabeça, mostrando as orelhas a abanar e as belas presas, como se posasse para um fotógrafo de moda. Dá-lhe uma imagem de perfil: ele ergue a máquina fotográfica e dispara várias vezes. Então, ela vira-se e vai-se embora, a passo travado. Através da objectiva, durante aqueles escassos segundos, ele pôde verificar que a coleira está solta e pendurada, tal como devia estar. (...) Enquanto nos retiramos, regressando ao veículo em círculos, recapitulo o que vi: andar com um pouco de cautela, mostrar algum respeito, obter a informação necessária e fugir. E todos ficam satisfeitos.
Volvidas quatro décadas, Iain conhece tão bem esta espécie como qualquer africano. Ele tem um sentido apurado, adquirido à custa de muito trabalho de campo e aperfeiçoado pela sua afeição, da individualidade dos animais – a volatilidade das suas oscilações de humor, os sinais subtis que transmitem, a sua gama de personalidades e impulsos. Nada nesta interacção com Anne me preparou para o momento, ocorrido algumas semanas mais tarde, em que haveria de vê-lo atacado, apanhado e derrubado pelas presas de um elefante."
Uma reportagem de luxo, aqui, que reacende a minha vontade de ser mais uma seguidora de manadas.
Os elefantes podem ser animais perigosos. São excitáveis, complexos e, por vezes, violentamente defensivos. (...) A própria Anne emerge do mato, balouçando elegantemente. Encaminha-se na direcção de Iain. Separa-os uma distância de 15 metros. Durante alguns segundos, a jovem fêmea obsequia-o com um plano frontal da sua ampla cabeça, mostrando as orelhas a abanar e as belas presas, como se posasse para um fotógrafo de moda. Dá-lhe uma imagem de perfil: ele ergue a máquina fotográfica e dispara várias vezes. Então, ela vira-se e vai-se embora, a passo travado. Através da objectiva, durante aqueles escassos segundos, ele pôde verificar que a coleira está solta e pendurada, tal como devia estar. (...) Enquanto nos retiramos, regressando ao veículo em círculos, recapitulo o que vi: andar com um pouco de cautela, mostrar algum respeito, obter a informação necessária e fugir. E todos ficam satisfeitos.
Volvidas quatro décadas, Iain conhece tão bem esta espécie como qualquer africano. Ele tem um sentido apurado, adquirido à custa de muito trabalho de campo e aperfeiçoado pela sua afeição, da individualidade dos animais – a volatilidade das suas oscilações de humor, os sinais subtis que transmitem, a sua gama de personalidades e impulsos. Nada nesta interacção com Anne me preparou para o momento, ocorrido algumas semanas mais tarde, em que haveria de vê-lo atacado, apanhado e derrubado pelas presas de um elefante."
Uma reportagem de luxo, aqui, que reacende a minha vontade de ser mais uma seguidora de manadas.
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