"... os azares da vida determinaram que (salomão) tinha de ganhar o triste pão de cada dia transportando troncos de árvore de um lado para o outro ou aturando a curiosidade boçal de certos amadores de espectáculos circences de mau gosto. As pessoas estão muito enganadas a respeito dos elefantes. Imaginam que eles se divertem quando são obrigados a equilibrar-se sobre uma pesada esfera metálica, numa reduzida superfície curva em que as patas mal conseguem encontrar apoio. O que nos vale é o bom feitio dos elefantes, especialmente dos oriundos da índia. Pensam eles que é preciso ter muita paciência para aturar os seres humanos, inclusive quando nós os perseguimos e matamos para lhes serrarmos ou arrancarmos os dentes por causa do marfim. Entre os elefantes recordam-se com frequência as famosas palavras pronunciadas por um dos seus profetas, aquelas que dizem, Perdoai-lhes, senhor, porque eles não sabem o que fazem."
"(...) Cornaca é o nome que se dá àqueles que conduzem os elefantes, Nesse caso, o general cartaginês também deve ter trazido cornacas no seu exército, Não levaria os elefantes a lado nenhum se não houvesse quem os guiasse, Levou-os à guerra, À guerra dos homens, A bem dizer, não há outras. O homem era filósofo."
"Bons tempos foram aqueles em que uma pessoa caía do alto de uma montanha para ir esborrachar-se, mil metros abaixo, no fundo de um vale já coalhado de costelas, tíbias e crânios de outros aventureiros igualmente desafortunados. Aquilo, sim, era vida."
"Entre falar e calar, um elefante sempre preferirá o silêncio, por isso é que lhe cresceu tanto a tromba que, além de transportar troncos de árvores e trabalhar de ascensor para o cornaca, tem a vantagem de apresentar um obstáculo sério para qualquer descontrolada loquacidade."
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