Muhammad Yunus, fundador do Grameen Bank, no Bangladesh, e por muitos conhecido como o "pai do microcrédito" ou o "banqueiro dos pobres", é tema de artigo de Alexandre Coutinho no Expresso, ao defender o empreendedorismo social como meio de obter a satisfação de necessidades básicas em todo o planeta, a começar pela criação de emprego. Artigos sobre esta temática ou sobre este senhor deviam ser obrigatórios no ensino secundário e no Plano Nacional de Leitura. Ora lêde: .
«O modelo do negócio social é algo de totalmente novo, em que não há uma orientação geral para fazer lucro, mas que é maioritariamente focado na resolução de necessidades básicas, sejam elas desemprego ou falta de habitação.
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«O seu conceito de negócio social combina o empreendedorismo com a responsabilidade social das organizações sem fins lucrativos, mas pode estender-se a todo o tecido empresarial. "Hoje, negócio significa apenas dinheiro. Ter a maximização do lucro como objectivo final. Quem é que definiu as coisas assim? Também temos altruísmo em nós e podemos criar um negócio nessa base, chamando-lhe negócio social e tendo por objectivo resolver problemas sociais e ambientais", explica.
"Não nos interessa produzir com uma margem de lucro de 20%, queremos que as pessoas tenham acesso a alimentação, água potável, energia, saúde, educação, etc... É um negócio que tem nos direitos humanos na sua motivação. Os negócios sociais abrem essa janela de oportunidade, criando um novo caminho para o desenvolvimento", defende Muhammad Yunus.
"Os dois modelos podem coexistir porque hoje temos uma enorme capacidade tecnológica e podemos usá-la para combater a pobreza e a degradação ambiental - prossegue o presidente do Grameen Bank - é uma lógica acessível aos cidadãos em geral, pois trata-se de usar métodos que todos conhecemos, mas com um objectivo e um resultado diferentes. A lógica empresarial faz sentido para todos, é transparente: produzir algo para preencher uma necessidade, só que aqui é de bem-estar e não de lucro".
Muhammad Yunus alerta para a necessidade de dizer às crianças e aos estudantes que, "ser bem sucedido na vida, não é só ter um emprego que dá dinheiro e muitas promoções. Todos podem deixar a sua assinatura no planeta, dizendo: estive aqui e fiz algo de marcante".
"O nosso sistema educacional e a nossa estrutura de pensamento deve ser mudada para que os jovens pensem desta forma: que problema quero resolver com um negócio social? A criação de emprego é o negócio social mais simples do Mundo: basta não se importar de ter menos lucro e conseguir dar emprego a duas, cinco ou dez pessoas, e usar toda a margem de lucro para expandir o negócio e não para ficar mais rico", advoga Muhammad Yunus.»
Segundo o economista bengali e Prémio Nobel da Paz em 2006, "a actual crise económica e ecológica precisa de um paradigma novo e não se pode perder esta oportunidade para educar de outra forma as futuras gerações".