“Ecologia urbana”, conceito nascido em Chicago após a Primeira Guerra Mundial, que iniciou o seu desenvolvimento em França, mais precisamente em Metz, capital da Lorena.
Metz foi alvo de planos audaciosos na década de 60 que desafiavam o tecido histórico da velha cidade galo-romana: demolição dos bairros antigos, criação de grandes artérias urbanas e de estradas nas margens do rio, instalação da siderurgia à beira-mar, etc; ao fim de algum tempo, «cinco dos mais importantes bairros do centro da cidade (…) não passavam de campos de escombros», com a deslocação dos seus habitantes para a periferia e para os subúrbios.
No entanto, pode-se dizer que Metz foi salva pela revolução cultural de Maio de 68, com a qual chegaram ideias novas ao Velho Continente. Entre elas, a ecologia.
Em tal situação, a consciência colectiva dos habitantes de Metz levantou «violentos protestos contra o massacre da cidade e do seu património antigo», o que levou ao poder uma nova municipalidade em 1971.
Nasceu então o conceito de “ecologia urbana”, que iria, em três meses, alterar completamente a cidade.
Aqui foi criado e instalado o Instituto Europeu de Ecologia que, «em relação estreita com a cidade, (…) sugeriu novas vias de reflexão, novos conceitos e, sobretudo, uma nova lógica de urbanismo.»
A promoção da ecologia urbana deve-se a um investigador deste Instituto, Roger Klaine. Este propôs conceber os «ordenamentos urbanos de modo a favorecerem a eclosão das potencialidades de cada um, satisfazendo as suas necessidades não expressas», oferecendo «ordenamentos – sobretudo micro-ordenamentos – que permitissem aos habitantes encontrar o contacto directo com a Natureza (…)».
Alguns exemplos práticos da instalação deste conceito em Metz são a restauração do património antigo, a aquisição do hábito de dar passeios na cidade e a criação, pelos infantários, de jardinzinhos onde as crianças se familiarizam com os legumes e as flores.
Por consequência, esta cidade adquiriu o merecido estatuto de património francês e europeu, distinguindo-se igualmente pela qualidade dos seus espaços verdes.
No entanto, «a ecologia urbana não diz apenas respeito aos imóveis e aos monumentos, à água e às pedras, às árvores e às flores; é também uma gestão prudente das energias e um tratamento adequado dos resíduos.»
Outro exemplo a seguir é a Empresa de Electricidade de Metz, que fornece, «graças à sua central térmica, água quente ao mesmo tempo que electricidade: um exemplo de “cogeração” que alimenta uma importante rede de aquecimento urbano.»
Para finalizar, considero que é de sublinhar que esta “cidade-modelo” foi criada muito «graças à vontade afirmada do seu presidente da câmara», mas muito mais importante, graças aos eleitores que o colocaram em tal posição.
Bibliografia:
PELT Jean-Marie e STEFFAN Frank, A Terra como Herança, Editora: Editorial Inquérito, 2001
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