Ian McEwan: A última oportunidade do mundo
24.11.2008
A última oportunidade do mundo vai estar em Copenhaga, o sucessor global de Quioto. O escritor Ian McEwan defende aqui que se Barack Obama mostrar um empenho claro nesta reunião no próximo ano, tornar-se-á para sempre um herói do nosso planeta. Só ele pode unir a humanidade para agir antes que seja demasiado tarde.
"(...) À medida que Barack Obama avança, as máquinas de fumo e os espelhos são arrumados - ou talvez nunca possamos, ou devamos, deixar que eles desapareçam. Para aqueles que acreditam que as alterações climáticas no contexto da pobreza global constituem o nosso problema mais urgente, infectando todos os outros, exigindo níveis de cooperação e racionalidade que podem estar para além das nossas capacidades, a elevação deste homem bonito e esguio torna-se objecto de expectativas irreais. Inevitavelmente, após uma longa campanha para agradar às multidões, a pergunta fica no ar: será ele apenas o especialista em fazer discursos arrebatadores, ou terá a firmeza do aço para transformar intenções em resultados? No mínimo dos mínimos, o país tem finalmente um Presidente que, qualquer que seja a sua confissão religiosa, tem em grande consideração a ciência (veja-se as suas opiniões claras sobre a concepção inteligente na revista Nature de 25 de Setembro), se rodeou de conselheiros científicos de qualidade impecável e se comprometeu com o objectivo de sonho de reduzir até 2050 os níveis de dióxido de carbono para menos de 80 por cento dos verificados em 1990.
(...) Em 2006, e ainda mais em 2007, a diminuição do gelo durante o Verão no Árctico excedeu as previsões mais sombrias. Dados do ano passado, em altura de abrandamento económico, mostram o maior aumento de sempre dos níveis de dióxido de carbono. Duvido que exista um único registo de uma central de energia eléctrica e que liberte carbono que tenha sido fechada para dar lugar a uma instalação de energia limpa.
A queima de florestas, a contaminação de recifes de coral, a extinção de espécies - ficámos imunizados com esta litania tão familiar. Durante os últimos 30 anos, temos lidado com o assunto apenas a nível mental, e se é que lidámos de todo. Existem, claro, alguns primeiros sinais de uma nova infra-estrutura de energia limpa - ao longo de algumas zonas da costa dinamarquesa, nos tectos de alguns edifícios alemães ou japoneses, em determinados desertos -, mas o efeito é, até agora, minúsculo. Continuamos a sonhar, continuamos a falar durante o sono enquanto tacteamos à procura das alavancas que liguem o pensamento às acções."
24.11.2008
A última oportunidade do mundo vai estar em Copenhaga, o sucessor global de Quioto. O escritor Ian McEwan defende aqui que se Barack Obama mostrar um empenho claro nesta reunião no próximo ano, tornar-se-á para sempre um herói do nosso planeta. Só ele pode unir a humanidade para agir antes que seja demasiado tarde.
"(...) À medida que Barack Obama avança, as máquinas de fumo e os espelhos são arrumados - ou talvez nunca possamos, ou devamos, deixar que eles desapareçam. Para aqueles que acreditam que as alterações climáticas no contexto da pobreza global constituem o nosso problema mais urgente, infectando todos os outros, exigindo níveis de cooperação e racionalidade que podem estar para além das nossas capacidades, a elevação deste homem bonito e esguio torna-se objecto de expectativas irreais. Inevitavelmente, após uma longa campanha para agradar às multidões, a pergunta fica no ar: será ele apenas o especialista em fazer discursos arrebatadores, ou terá a firmeza do aço para transformar intenções em resultados? No mínimo dos mínimos, o país tem finalmente um Presidente que, qualquer que seja a sua confissão religiosa, tem em grande consideração a ciência (veja-se as suas opiniões claras sobre a concepção inteligente na revista Nature de 25 de Setembro), se rodeou de conselheiros científicos de qualidade impecável e se comprometeu com o objectivo de sonho de reduzir até 2050 os níveis de dióxido de carbono para menos de 80 por cento dos verificados em 1990.
(...) Em 2006, e ainda mais em 2007, a diminuição do gelo durante o Verão no Árctico excedeu as previsões mais sombrias. Dados do ano passado, em altura de abrandamento económico, mostram o maior aumento de sempre dos níveis de dióxido de carbono. Duvido que exista um único registo de uma central de energia eléctrica e que liberte carbono que tenha sido fechada para dar lugar a uma instalação de energia limpa.
A queima de florestas, a contaminação de recifes de coral, a extinção de espécies - ficámos imunizados com esta litania tão familiar. Durante os últimos 30 anos, temos lidado com o assunto apenas a nível mental, e se é que lidámos de todo. Existem, claro, alguns primeiros sinais de uma nova infra-estrutura de energia limpa - ao longo de algumas zonas da costa dinamarquesa, nos tectos de alguns edifícios alemães ou japoneses, em determinados desertos -, mas o efeito é, até agora, minúsculo. Continuamos a sonhar, continuamos a falar durante o sono enquanto tacteamos à procura das alavancas que liguem o pensamento às acções."
To be continued...
5 comments:
epá A CAMP!!!! no simetria irregular ninguem me deu kudos por ter metido A camp, o que eu acho que foi um erro, pois a camp é bom, muito bom.
Eh pah ninguém conhece A Camp, quere-me parecer ;) eu só soube pk adoro The Cardigans e a voz da Nina Persson é das minhas favoritas. O álbum é mm mto bom. Li sobre a possibilidade de um 2º, seria bueno ;)
pois seria mesmo. é que seria mesmo mesmo.
Será?
Os Estados Unidos são egocêntricos e pouco dados ao ambientalismo... Não creio que Obama possa fazer grande coisa. =/
MJNuts
Hummm eu acredito k sim, até pk me parece k o senhor adora ser adorado e ser adulado quase como um Messias. Se ele se sentir messiânico, é deixá-lo... "messiar" ;) Desde k aguente o peso do mundo nos ombros, mas tb me parece k sim pk kem se candidata ao distinto cargo de "lider of the free world" sabe k isso vem anexado... o actual simplesmente sentou-se em cima do mundo, tipo latrina (ai k bonito).
Por outro lado, muitos messiânicos foram tb mártires, o k não dá mto jeito... esperemos k não. Knock knock knock
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