Monday, December 08, 2008

Solo @ National Geographic - Ouro Negro

«A maioria dos programas de recuperação de solos, como os da China e do Sahel, procura devolver o solo degradado à sua condição anterior. Mas em grande parte dos trópicos, o estado natural do solo é de baixa qualidade, uma das razões para a pobreza de tantos países tropicais. Wim Sombroek veio a acreditar que a terra preta poderia mostrar aos cientistas como tornar a terra mais rica que nunca e assim ajudar os países mais pobres do mundo a alimentarem-se a sim próprios.

(...) A terra preta só se encontra onde viveram seres humanos, o que significa que se trata de um solo artificial, feito pelo homem muito antes da chegada dos europeus. (...) O solo é rico em minerais fundamentais como fósforo, cálcio, zinco e manganésio, escassos na maioria dos solos tropicais. Mas o ingrediente mais inesperado é o carvão vegetal, material abundante que dá a cor escura a este solo. Ao contrário dos solos tropicais comums, a terra preta permance fértil após séculos de exposição ao Sol e à chuva tropicais, salienta Wenceslau Teixeira, cientista do solo da Embrapa, a empresa brasileira de pesquisa agropecuária.

(...) A terra preta poderia desencadear aquilo a que a publicação científica "Nature" apelidou de "revolução negra" em todo o amplo arco de terras com solos empobrecido, desde o Sudoeste Asiático até África. O ingrediente fundamental da terra preta é o carvão vegetal, produzido através da queima de plantas e outros detritos orgânicos a baixas temperaturas. (...) Uma equipa de investigação liderada por Christoph Steiner relatou que bastava acrescentar carvão vegetal desfeito e fumo condensado a solos tropicais tipicamente maus para provocar um "aumento exponencial" na população microbiana, desencadeando o arranque do ecossistema subterrâneo fundamental para a fertilidade. Os solos tropicais perdem rapidamente riqueza microbiana quando convertidos à agricultura. O carvão vegetal parece fornecer um habitat aos micróbios, criando uma espécie de solo artificial dentro do solo, em parte porque os nutrientes se ligam ao carvão vegetal, em vez de serem arrastados pela água.
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(...) Uma revolução negra poderia até ajudar a combater o aquecimento global. A agricultura é responsável por mais de um oitavo da produção de gases com efeito estufa gerados pela humanidade. Os solos excessivamente arados libertam dióxido de carbono ao exporem ao ar matéria orgânica em tempos enterrada. Wim Sombroek argumentou que a criação de terra preta em todo o mundo empregaria tanto carvão vegetal rico em carbono que compensaria a libertação de carbono do solo para a atmosfera. »
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(Alguns cientistas defendem que) «a utilização de combustíveis fósseis pela humanidade poderia ser compensado pelo armazenamento de carvão na terra preta nova. Estas esperanças não vão ser fáceis de concretizar. A identificação dos organismos associados à terra preta, revelar-se-á difícil. E ninguém sabe ao certo quanto carbono pode ser armazenado no solo, até porque alguns estudos indicam que pode haver um limite finito. Mas William I. Woods, geógrafo da Universidade do Kansas, crê que as possibilidades são boas. "O mundo ainda vai ouvir falar muito da terra preta", diz.

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