National Geographic Portugal, Julho 2005
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O Poder de Dividir -Até Onde Devemos Ir?
«As células estaminais podem marcar o início de uma nova era da medicina, curando doenças mortais com tecidos e órgãos feitos à medida. Para já, porém, os limites da ciência e da política dividem a opinião pública.
(...) Alguns países, como a Alemanha, preocupados que o assunto resvale para o terreno escorregadio da experimentação humana à revelia da ética, já proibiram alguns tipos de investigação com células estaminais. Outros, como os EUA, impõem limites rigorosos aos financiamentos governamentais, mas permitem que o sector privado faça o que quiser. Outros ainda, como o Reino Unido, a China, a Coreia do Sul e Singapura, tornaram-se epicentros da investigação em células estaminais, disponibilizando fundos e vigilância ética para encorajar a investigação nessa área, dentro de fronteiras cuidadosamente estabelecidas.
As polémicas células são retiradas de um embrião com cinco dias, mais pequeno do que um ponto final, que não possui características individuais nem traços de um sistema nervoso. Os embriões excedentários das clínicas de fertilidade serão inevitavelmente destruídos, e as próprias células estaminais não têm capacidade para dar origem a um bebé, se implantadas no útero. No entanto, estas células não especializadas possuem a capacidade de se transformarem em qualquer tipo de tecido humano. Esta ferramenta pode ser eficaz para criar tecidos e órgãos saudáveis que permitam curar doenças mortais. (...)
Ao contrário das células estaminais adultas, aparentemente possuidoras de repertórios limitados, as células estaminais embrionárias são pluripotentes, pois podem virtualmente transformar-se em todos os tipos de células humanas.»